11.5.06

Compreendo

Sinto os pés frios. Embaraço-me com o arrepio e não sei por que razão. Tenho os teus a meu lado, quentes, desgovernados. Toco ao de leve sobre essa pele mansa que me dás enquanto me dizes palavras repetidas. Não as repreendo. Compreeendo. Sussurras-me com sopros de boca palavras suaves, tão suaves como os bafos de fumo que lançamos até ao tecto branco do meu quarto.

Tenho os pés frios. Esqueço o meu próprio nome nestes momentos em que a tua pele é a minha e me afagas os ouvidos com doçuras. Do teu lembro-me sempre. Mas, afinal, como te chamas, mulher de sussuros e carícias?

Moscavide, 17/03/2000

J.

Encostado ao alumínio fosco da marquise da cozinha, J. imaginava-se transportado numa viagem subliminar, rumo a um destino que ainda não vislumbrava. Mas que desejava alcançar com uma intensidade inaudita para si. O fumo do cigarro aceso à força de um fósforo dos grandes invade-lhe os olhos, que esfrega maquinalmente, ainda absorvido pela ideia de não se encontrar, simplesmente, no lugar onde tem plantados os pés. Frios. Os pensamentos correm-lhe à velocidade que a imaginação dos olhos lhe permite: estar e não estar num lugar agora, estar ali, depois saltar para o topo de uma montanha qualquer de cume nevado, para o emaranhado verde de uma floresta tropical, ou, simplesmente, para a crista do mar. Andar sobre as águas. Oh, sim. Milagre dos milagres: flutuar sem medo sobre o manto líquido desse corpo imenso recortado a ondas e marés.

J. estava, assim, num lugar qualquer quando a beata do ventil lhe chamuscou a unha do indicador. Fosga-se! Viajar parece difícil. O dedo ardia-lhe como se de uma comichão acesa e fervente se tratasse. Soprou. Esqueceu-se do dedo, manteve o sonho desperto e deparava agora com uma paisagem de contornos assustadoramente irregulares. As cores, róseas, confundiam-no. Não. Impossível. Aquilo não era uma montanha. Parecia um rastro de fumo, mas de onde emergiam picos de uma altura fabulosa. Immedível, pensou. A ideia de infinito aparecia-lhe de uma forma a tal ponto precisa, concreta, quase palpável, que, finalmente, acedera a concordar com um conceito há muito silenciado: universo.

Mas — há sempre um “mas” nestas historietas de alcova — , este mesmo corpo, que ainda agora lhe parecia interminável, tinha um contorno. Com um pouco mais de atenção podiam vislumbrar-se pequenas árvores, dispostas sem ordem, mas que deixavam visível o solo de onde emergiam. Estranho. A primeira ideia a ocorrer-lhe resumia-se ao (inacabado).

Quando te olho nos olhos tudo acorda

Fazes-me falta aos olhos nas horas da manhã, quando não estás. E se não te encontro nessa busca estremunhada de te descobrir com o primeiro alvor do dia, é como se me despedisse de todo o frémito da vida de que me alimento. E de despedidas, menina, estou cansado.

Sob estas mãos afago agora os olhos que a noite fez enrugados, resguardo com elas as pupilas para melhor te ver depois, quando acordado.

Fazes-me falta aos olhos sempre que o teu verbo é não ser junto de mim. E dessa solidão embriagada em que me encontro nada sai, para além de um disfarçado suspiro de vontade de revirar a face desse verbo contradito. E do querer que o dia se alumie quando a densa mata só a escuridão reflecte e sente.

Quando te olho nos olhos tudo acorda. E a minha tez já não é a pálida luz que a custo avança sobre a mata. É antes a incandescente, intensa e forte sensação de te ver olhada a partir dos olhos que sou eu.

Moscavide, 3/Novembro/98

Cascata

Um respirar novo acontece-me por dentro. O ar que expiro, na fuga para o lado de fora desta boca, deixa fugir em sussurro todo o teu nome. Assim dita e respirada, ressuscitas em mim a toda a hora. Não precisas estar comigo para que te veja. Tenho-te, completa, sobre os lábios. Sinto-te por dentro como um lago que ocupa todo o vale. Humedeces as minhas margens e regas a toques de pele o meu corpo inteiro. Teu.

Se beber for o meu verbo, a água será também fruto do teu nome. Aguardo, a cada instante, um novo gole. Desejava ter sede para te poder beber constantemente. Faz-te de líquidos e fluídos. Deita-te sobre o meu copo e acontece em mim como cascata, feita dos beijos que me dás.

Moscavide, 31/Outubro/98

Festa

Definham, em pedaços, as sobras de uma festa. Quem se recordará desses gritos, ou dos lampejos efémeros dos foguetes?

Lisboa, 20/Outubro/98

Movimento

As pausas aliviam. O movimento incomoda. Páre-se o mundo todo para que o respirar da terra seja fruto verdadeiro.

Por onde me leva este balanço cadente e incandescente do meu chão? Porque pisarei eu estas pedras? Movimento.

Lisboa, 20/Outubro/98

Não te quero

Escrevo-te a partir do ano passado. Tenho sujos os pés, do caminho que percorri. Feridas. Marcas várias lembram-me que vivi por esses dias.

Escrevo-te sem saber o teu nome. Assim prefiro. É melhor saber-te desconhecida. Desidentificada. Morta, talvez. Feita da espuma dos mares.

Escrevo-te porque penso não voltar a ver-te. Ainda que o contrário seja o meu maior desejo. Perturbante? Porquê se foste tu quem se afastou para mais longe?

Escrevo-te ainda. E continuo. À procura de palavras. Em busca de um sal mais grosso que me vede a água que escorre destes olhos. A caminho de um porto qualquer.
Percebes? Fala! Diz. Não te retraias no silêncio. Não vale a pena. Não te quero ouvir calada. Não te quero.

Lisboa, 17/Novembro/96

Um pedaço desta mão

Tenho um pedaço desta mão colado ao teu rosto. Resvala, sereno e dado, sobre os teus olhos. E toca, na face que és, com pontas de carinho. Aquecem-te estes afagos? Por quantos mares navegas quando deixas o leme na ponta dos meus dedos? Por onde passas quando te abandonas, assim, feita pena aérea e solta, a um pedaço de mim?
Respira, menina, respira leve, sem repentes. Abandona-te, que estou contigo feito dedos mansos sobre a tua pele. Sê a tua pele também.

Transfigurada, a minha mão liberta-se. E eu com ela. Vou, afinal, contigo por onde segues. Queres que te siga, ainda, nesta hora? Diz-me quanto de meu sentes quando te exploro e descubro, e infernizo, e dou de mim o que não tenho.

Dá-me a tua mão. Ou um pouco qualquer dela que não queiras. Tens aqui a minha face, inteira e toda, à sua espera.

Nasceu-me um trevo num vaso

Nasceu-me um trevo num vaso. Quis beijá-lo. Queixosa, a flor reteve o meu ímpeto com uma fragilidade verde.

Nasceu-me um trevo num vaso e não sei que fazer deles. Do vaso tanto como do botão mínimo dessa vida recém-desperta.

Nasceu-me um trevo, num vaso de cor de barro sujo. Da cor da relva regada, aquela nova vida acompanha-me agora os passos pela casa. Não me sinto só. Pelo contrário. Acontecem-me agora despertares diferentes. Neste e nos outros dias que hão-de vir.

Nasceu-me um trevo num vaso e desse monopólio de olhares antevejo entre ambos uma feliz cumplicidade. Mas o vaso não é teu, menino trevo. É dessa palmeirinha merdosa que aconteceu, transplantada, antes de ti. A terra onde repousas o teu caule esguio foi alugada a esse corpo de furúnculos domésticos que se debate contra o mais mínimo sol para não perecer fuzilado por raios violetas e ultras.

Nasceu-me um trevo num vaso. Quem te mandou, trevo, decidir acontecer precisamente agora? E se me abandonas, que farei do trevo que já não serás? De que trevo falarei?

Nasceu-me um trevo num vaso. Não me morras agora, verde flor, filha da terra livre e do acaso. Dá-me, antes de mais, um beijo teu. Frágil ou não. Dá-mo, que não me importo.

Moscavide, 11/Setembro/98

Silêncios

Nada tens para me dizer. Nem eu a ti. Mas porque me falas? Porque te oiço e me surpreendo? Se te procuro é porque me completas. Se te falo, é por saber que me ouves. Bebe, bebe mais do cálice que te ofereço. Até que a embriaguez te obrigue a dizer-me tudo o que desejas, mas que ocultas quando sóbria.

Insulta-me agora – que é noite – com os rancores que guardaste todo o dia. Maltrata-me porque te ajudei. Desanca em mim o fel todo que tiveres. Testa-me a resistência, afoga-me até ao fundo do que nunca quis ouvir da tua boca.

Despedi-me de ti há pouco. “Diz-me que desapareça”, pedi-te. E tu disseste. E eu desapareci – ainda não sei se para sempre – desse remorso constantemente enrolado na garganta.

Se te firo com estas palavras, será pouco. Mereces mais, muito mais que o fel todo que alguma vez eu venha a conseguir tirar de mim. Que não o tenho.
Dou-me a ti e tu desdenhas. Vinga-te tu, enquanto bêbeda, sobre o teu próprio pecado. Amanhã, minha amiga, vou olhar-te como sempre te olhei. Ainda que me apeteça chamar-te, ficarei em silêncio.

Porque precisas de mim? Porque precisas?

Moscavide, 8/Setembro/98

Insectos

Encolhe-te, insecto, para que te não rasgue as entranhas. Foge. Abandona-te, antes que esta minha mão te desfaça num ápice de nojo. Liberta-te, para que não saibas a dor que esse futuro que pode ser já te espera.

Irritas-me, insecto. Porque não explicas o que te faz zenir as asas. Incomodas-me com a tua extrema liberdade. A minha mão, olha a minha mão! Foge, antes que seja tarde. Ahhgg. Adeus, insecto.

Moscavide, 8/Setembro/98

...

Ontem foi um tempo que há-de vir. Hoje é momento que já foi. Amanhã é, agora mesmo, a hora certa. Percorrem-se, a passos largos, os ponteiros da vida. Ouve-se um som qualquer, intemporal. Respira-se ao de leve, sem que com isso a vida mude. Envelhecer, afinal, não é um mal pior que o mais terrível dos abandonos.
Passar as mãos pelas rugas da cara é um acto de coragem verdadeira. É perceber pelo tacto o que não se quis entender com os olhos.

Ranger de dentes

Percorro-me com um ranger de dentes. Persigo paixões abstrusas que me moem o corpo e o espírito. Sem o querer, sou vítima de mim mesmo. Da minha desvontade de abandonar o que, afinal, ainda desejo e quero para mim. Sinto-me só, no meio da turba. Pior.

Abandonado por quem diz que me quer. Constipado, embora com emprego seguro. Com quase trinta anos de idade e a barba por fazer. Uma vergonha, pá. Se soubesses quem eu sou. Por fora, desterrado de mim. Por dentro, um fruto roído de insectos. Se me visses, dirias, por certo, que sou eu. Vê se me encontras por aí um destes dias. Faz-me lá esse favor. Desculpa-me, já agora, a confidência. Como é mesmo que te chamas?

Moscavide, 11/Agosto/98

Janelas

A minha paisagem de agora são janelas. Iguais no seu corpo perpendicular, essas caras de cimento silencioso enfrentam-me com tez de olhos abjectos. Invejo-as, porém, pela coragem que desprendem. Miram, a toda a hora, tudo o que há por fora para olhar. E não se entediam com o passar do tempo.

As minhas janelas sou eu, furibundo de mim. Quem me há-de correr as persianas dos olhos? Quem me há-de fechar quando for noite?

Moscavide, 11/Agosto/98

Fernando Alvim

És um homem vergado de idades, branco, pálido, hirto. Acompanhas uma guitarra portuguesa. És Fernando Alvim. Impressiona-me a tua tez de guitarrista, mais calma que a própria brandura. Oh, se me impressiona. Quando te olho, todo me arrepio. Porque nasce sincera toda essa tua atitude. Parece até que não sentes. Nunca te vi antes, mas é como se te conhecesse de há muito, meu velho. Já agora, quem te acompanha conhece-te, assim, tão bem quanto eu?

Batem por ti palmas de apreço e tu mais parece não existires frente a ninguém. Todo me revolto por não ter sequer um dedo da arte que te sai das mãos. Afinal, de todo o teu corpo. És tu quem se desprega do som dessa viola que empunhas. Quando casaste com ela? Ontem? Há 30 anos? Há mais? Caramba para o tempo, que o não tenho nas mãos, como tu. Quanto do teu tempo é o meu! Do meu, teu é nenhum.

Moscavide, 11/Agosto/98

A noite é uma mulher

De novo me encontras. Face-a-face, à hora marcada. É certo que não passa de uma hora qualquer, um minuto defunto do dia. Seguro será também que te sinto a falta – essa eterna e oca sensação – a todo o momento. Sei por demais da certeza desse encontro prometido. E se o sei é porque o sol se pôs já, para além do alcance dos meus olhos, e se ocultou de novo, por ali, naquela curva redonda do mundo.

Refreio-me de vontades quando te encontro. Impedes-me de pensar. E esqueço-me de te dizer coisas. Fico, também eu, oculto atrás de uma curva qualquer da minha cabeça. Por essa razão me recolho sobre esta cadeira e enfrento o vazio que há entre nós dois, como quando não estamos. Quando é dia.

Vem-me à memória. Peço-te. Chega-te mais perto de mim. Acolhe-me nesse ventre de veludo escuro que sempre trazes contigo. Ah, se eu fora noite também!

Moscavide, 9/Agosto/98

Tributo ao silêncio das cores

A noite vai a meio do seu corpo. Segue, em silêncio, o seu caminho. Resguarda-se em linhas de uma luz difusa, opaca, sinuosa. A noite é líquida, insubmissa. Água turva e livre bebida a goles de sono. Silhueta que afaga e come o tudo de todas as coisas.
Sôfrego, esse sono de mulheres e homens alheia-se deste véu aveludado do dia. É, a esta hora, a prova da sua condição ignorante. Porque se calam as vozes quando a calma é rainha e as palavras são murmúrios cristalinos? Porque te esquecem os homens, silêncio, para se dedicar a cansaços absurdos e a trejeitos diurnos de falsa felicidade?
Quem procura a noite verdadeiramente? O silêncio? Apenas o silêncio, total e puro, da sua boca?


Desejaria ter-te, assim, fiel e minha, a todas as horas. O dia mais não serve que para me lembrar do teu eterno e circular regresso, desse teu subtil e vigoroso poder de sombra, dos teus lábios sem contrastes, do teu escuro e lento respirar. Aquelas horas de sol de que não quero lembrar-me agora preenchem-me apenas da pena que é não te ter sempre comigo.
A noite é a casa do desejo. Mapa sem linhas que apaga todas as geografias: a dos corpos e a das almas. Mas – sono do dia – se foras permanente, que faria eu sem o sol?

Moscavide, 9/Agosto/98

Aparece

Saciei-me da fome. Matei a sede. Falta-me, contudo, a substância. Uma só. A vitamina da alma e do desejo. Insosso, o correr dos dias resfria-me a língua. Sem o sabor do teu corpo. Longe. Tenho fome. Da sede, dessa, não me lembro já de a beber com o que me resta de alma. Faltas-me aos olhos. Aparece.

Moscavide, 1/Agosto/98

Não te percas na viagem

Leva tudo quanto de teu tens. O cabelo, os lábios esguios, a pele. A tua roupa. Mais ninguém. Mas leva(nta)-te nessa viagem que segues, rumo a um longe qualquer que decidiste. O caminho é teu, e não to roubo. Deixo-te apenas um beijo por lembrança. Não me contes qual a rota que segues, pois se é teu esse passo dado. Para Leste, porventura? Porque me pergunto ainda para onde vais, se “embora” é o que de ti me acontece agora rente à pele?
Brindo agora – e sempre brindarei– à saúde que é a tua. Não te percas na viagem.

Moscavide, 31/Julho/98

Arrepio só de pensar que...

Cheira a frio no quarto branco e quente. É Verão. E arrepio só de pensar que não me cobres com teus beijos de algodão e pele. O cigarro é a minha única lareira. Porque o meu fogo está longe, fugindo, sem o querer.
Tomara eu olhar-te, apenas, nesta hora.
Quisera ter-te num abraço apertado demais para sequer respirar.
Desnudo-me do frio e o pensar em ti desperta-me temperaturas que há muito se querem despregar do meu corpo.
Ter-te comigo, menina, é o meu maior desejo.

Moscavide, 30/Julho/98

Marca-me de sinais

Marca-me de sinais. O corpo inteiro e todo. Deixa ser a minha pele a que se esgote de carícias. Interrompe-me todas as viagens e projectos. Faz-me de beijos. Deita-te sobre mim para que te sinta por inteiro. Dada. Mesmo a contragosto. Mesmo que o não queiras, querendo. Porque não me deixas, assim, marcado dos toques de dedos duros e afagos soltos à mercê do desejo dessas tuas mãos? Porque me agarras sempre que me deixas? Porque me fazes falta? Porque te adoro?
Marca-me, outra vez e sempre, de sinais. Outra vez, o corpo inteiro e todo.
Tenho saudades tuas, mesmo quando estás comigo. Sempre.

Moscavide
29/Julho/98

Comigo o teu corpo

Partilhaste comigo o teu corpo para que te não viesse à lembrança o desejo de me desejares. Contradisseste-te. E eu deixei-me levar nesse enlevo de pele e odores que o teu corpo emanava e desejava – por vezes – partilhar. Quizeste-me não me querendo. É estranho. Precisaste de mim esquecendo-te de quem eu era – de que era, também, parte interessada. Jogaste comigo o teu jogo de incertezas. E eu concordei, porque te quero. E vou querer querer-te até não te querer mais. Vou desejar-te precisamente até ao momento em que desejar signifique mais que querer-te muito. Até a um fim qualquer que me liberte. Ou que me prenda ainda mais ao sussurro de consciências que tu és.

Moscavide
28/Julho e 16/Agosto/98

Segunda pessoa singular

Foram três as flores no meu vaso. Duas murcharam. Sequei-as. Uma ainda a rego, todos os dias, com um enlevo que até a mim parece estranho. Não sei o que me diz essa terceira e nomeada vida, à qual ofereço estes gestos de água. Pergunto-me o que farei se não mais lhe mato a sede. A resposta que me acorre é ténue, trémula e difusa. Nem mesmo eu a compreendo. Mantenho-me firme na vontade de a manter húmida e, por isso, viva. Mas nem só de água se constroem as ofertas que lhe faço. A água com a qual lhe sacio a sede sou eu próprio, confundido, mascarado de oferta. Sou eu. Um eu inteiro, submisso à fragilidade que é a sua. Esta flor mata-me de sede. É a terceira. Última. Primeira!

Moscavide, 27/Julho/98