11.5.06

Janelas

A minha paisagem de agora são janelas. Iguais no seu corpo perpendicular, essas caras de cimento silencioso enfrentam-me com tez de olhos abjectos. Invejo-as, porém, pela coragem que desprendem. Miram, a toda a hora, tudo o que há por fora para olhar. E não se entediam com o passar do tempo.

As minhas janelas sou eu, furibundo de mim. Quem me há-de correr as persianas dos olhos? Quem me há-de fechar quando for noite?

Moscavide, 11/Agosto/98