11.5.06

Comigo o teu corpo

Partilhaste comigo o teu corpo para que te não viesse à lembrança o desejo de me desejares. Contradisseste-te. E eu deixei-me levar nesse enlevo de pele e odores que o teu corpo emanava e desejava – por vezes – partilhar. Quizeste-me não me querendo. É estranho. Precisaste de mim esquecendo-te de quem eu era – de que era, também, parte interessada. Jogaste comigo o teu jogo de incertezas. E eu concordei, porque te quero. E vou querer querer-te até não te querer mais. Vou desejar-te precisamente até ao momento em que desejar signifique mais que querer-te muito. Até a um fim qualquer que me liberte. Ou que me prenda ainda mais ao sussurro de consciências que tu és.

Moscavide
28/Julho e 16/Agosto/98