11.5.06

Cascata

Um respirar novo acontece-me por dentro. O ar que expiro, na fuga para o lado de fora desta boca, deixa fugir em sussurro todo o teu nome. Assim dita e respirada, ressuscitas em mim a toda a hora. Não precisas estar comigo para que te veja. Tenho-te, completa, sobre os lábios. Sinto-te por dentro como um lago que ocupa todo o vale. Humedeces as minhas margens e regas a toques de pele o meu corpo inteiro. Teu.

Se beber for o meu verbo, a água será também fruto do teu nome. Aguardo, a cada instante, um novo gole. Desejava ter sede para te poder beber constantemente. Faz-te de líquidos e fluídos. Deita-te sobre o meu copo e acontece em mim como cascata, feita dos beijos que me dás.

Moscavide, 31/Outubro/98