11.5.06

Um pedaço desta mão

Tenho um pedaço desta mão colado ao teu rosto. Resvala, sereno e dado, sobre os teus olhos. E toca, na face que és, com pontas de carinho. Aquecem-te estes afagos? Por quantos mares navegas quando deixas o leme na ponta dos meus dedos? Por onde passas quando te abandonas, assim, feita pena aérea e solta, a um pedaço de mim?
Respira, menina, respira leve, sem repentes. Abandona-te, que estou contigo feito dedos mansos sobre a tua pele. Sê a tua pele também.

Transfigurada, a minha mão liberta-se. E eu com ela. Vou, afinal, contigo por onde segues. Queres que te siga, ainda, nesta hora? Diz-me quanto de meu sentes quando te exploro e descubro, e infernizo, e dou de mim o que não tenho.

Dá-me a tua mão. Ou um pouco qualquer dela que não queiras. Tens aqui a minha face, inteira e toda, à sua espera.